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janeiro 25, 2024Quando a pessoa tem somente um ouvido que funciona, ela tem surdez unilateral, ou seja, é cega de um ouvido. Isso pode trazer muitas dificuldades e limitações no cotidiano, como perda de profundidade, campo visual reduzido, dificuldade de localização sonora, entre outras.
Muitas pessoas com surdez unilateral não sabem que têm direitos e benefícios garantidos por lei, que podem melhorar sua qualidade de vida e sua inclusão social. Esses direitos foram reconhecidos pela Lei nº 14.768/2023, que classificou a surdez unilateral como deficiência sensorial, do tipo auditiva, para todos os efeitos legais.
Neste artigo, vamos explicar o que é a surdez unilateral, quais são as causas, os sintomas, o diagnóstico e o tratamento, e quais são os direitos dos jovens que possuem surdez unilateral, como eles podem exercê-los e quais são os desafios que enfrentam
O que é a surdez unilateral?
A surdez unilateral é a perda total ou parcial da audição em apenas um dos ouvidos, que pode ser congênita (presente desde o nascimento) ou adquirida (decorrente de algum fator externo ou interno). A surdez unilateral pode ser classificada em dois tipos, de acordo com o grau de comprometimento da audição:
- Surdez unilateral profunda: quando a perda auditiva é maior que 90 decibéis, ou seja, a pessoa não consegue ouvir nenhum som no ouvido afetado.
- Surdez unilateral moderada: quando a perda auditiva é entre 41 e 90 decibéis, ou seja, a pessoa consegue ouvir alguns sons no ouvido afetado, mas com dificuldade.
A surdez unilateral pode ser medida por meio de um exame chamado audiograma, que avalia a capacidade de ouvir sons de diferentes frequências e intensidades. O resultado do exame é expresso em uma escala de 0 a 120 decibéis, sendo que quanto maior o valor, maior é a perda auditiva.
Quais são as causas da surdez unilateral?
A surdez unilateral pode ter diversas causas, que podem ser divididas em dois grupos: causas pré-natais e causas pós-natais.
As causas pré-natais são aquelas que ocorrem antes do nascimento, e podem estar relacionadas a fatores genéticos, infecções maternas, uso de medicamentos, exposição a radiações, entre outros.
As causas pós-natais são aquelas que ocorrem após o nascimento, e podem estar relacionadas a infecções, traumas, tumores, doenças autoimunes, ototoxicidade, envelhecimento, exposição a ruídos, entre outros.
Quais são os sintomas da surdez unilateral?
A surdez unilateral pode causar diversos sintomas, que variam de acordo com o grau, a causa e a duração da perda auditiva. Alguns dos sintomas mais comuns são:
- Dificuldade de localizar a origem dos sons
- Dificuldade de entender a fala em ambientes ruidosos ou com múltiplos interlocutores
- Dificuldade de perceber a distância e a direção dos objetos
- Dificuldade de manter o equilíbrio
- Dificuldade de se concentrar e de memorizar
- Dificuldade de se comunicar e de se socializar
- Sensação de isolamento e de exclusão
- Baixa autoestima e confiança
- Ansiedade e depressão
Como é feito o diagnóstico da surdez unilateral?
O diagnóstico da surdez unilateral é feito por meio de uma avaliação médica, que inclui uma anamnese (histórico clínico), um exame físico (inspeção do ouvido) e um exame complementar (audiograma).
A anamnese consiste em uma entrevista com o paciente, na qual o médico busca informações sobre os sintomas, a duração, a intensidade, a frequência, a evolução, as possíveis causas, os fatores de risco, os antecedentes pessoais e familiares, entre outros aspectos relevantes.
O exame físico consiste em uma observação do ouvido, na qual o médico usa um instrumento chamado otoscópio, que permite visualizar o canal auditivo e a membrana timpânica, e verificar se há alguma alteração, como inflamação, infecção, perfuração, secreção, corpo estranho, entre outras.
O exame complementar consiste em um teste de audição, na qual o paciente usa um fone de ouvido e ouve sons de diferentes frequências e intensidades, que são emitidos por um aparelho chamado audiômetro. O paciente deve indicar quando ouve cada som, e o resultado é registrado em um gráfico chamado audiograma, que mostra o grau e o tipo de perda auditiva em cada ouvido.
Como é feito o tratamento da surdez unilateral?
O tratamento da surdez unilateral depende da causa, do grau e da duração da perda auditiva, e pode envolver medidas médicas, cirúrgicas, protéticas, terapêuticas e educacionais.
As medidas médicas consistem no uso de medicamentos, que podem ser antibióticos, anti-inflamatórios, corticoides, antivirais, entre outros, dependendo da origem da surdez unilateral. O objetivo é tratar a causa subjacente, como infecções, inflamações, doenças autoimunes, entre outras.
As medidas cirúrgicas consistem em intervenções que visam corrigir ou melhorar a audição, como a timpanoplastia, que é a reconstrução da membrana timpânica; a estapedectomia, que é a substituição do estribo (um dos ossículos do ouvido médio) por uma prótese; a implantação coclear, que é a colocação de um dispositivo eletrônico que estimula o nervo auditivo; entre outras.
As medidas protéticas consistem no uso de aparelhos auditivos, que são dispositivos que amplificam e transmitem os sons para o ouvido. Existem diferentes tipos de aparelhos auditivos, que podem ser usados no ouvido afetado ou no ouvido saudável, dependendo do caso. Alguns exemplos são o aparelho de condução óssea, que transmite os sons por meio de vibrações no crânio; o aparelho de transposição de frequência, que modifica os sons de alta frequência para baixa frequência; o aparelho de transmissão contralateral, que capta os sons do lado afetado e os envia para o lado saudável; entre outros.
As medidas terapêuticas consistem em sessões de reabilitação auditiva, que são realizadas por profissionais especializados, como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros. O objetivo é estimular e desenvolver as habilidades auditivas, linguísticas, cognitivas, sociais e emocionais do paciente, por meio de exercícios, jogos, atividades, orientações, entre outras estratégias.
As medidas educacionais consistem em ações que visam facilitar e promover a inclusão e a acessibilidade do paciente nos ambientes de ensino e de trabalho, por meio de adaptações, recursos, tecnologias, metodologias, entre outras ferramentas. Alguns exemplos são o uso de legendas, intérpretes, microfones, fones de ouvido, amplificadores, iluminação adequada, disposição das carteiras, entre outros.
Quais são os direitos dos jovens que possuem surdez unilateral?
Os jovens que possuem surdez unilateral podem exercer seus direitos por meio de diversas formas, como:
- Buscar informações sobre seus direitos e deveres, por meio de fontes confiáveis, como sites oficiais, cartilhas, guias, manuais, entre outros. Um exemplo é o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que reúne informações sobre legislação, políticas públicas, programas, serviços, entre outros, voltados para as pessoas com deficiência.
- Solicitar os benefícios e serviços a que têm direito, por meio dos canais de atendimento disponíveis, como sites, aplicativos, telefones, e-mails, entre outros. Um exemplo é o Meu INSS, que permite solicitar e acompanhar benefícios previdenciários e assistenciais, como aposentadoria, auxílio-doença, BPC, entre outros.
- Denunciar as violações e os abusos que sofrerem, por meio dos órgãos de defesa e de proteção dos direitos humanos, como o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, entre outros. Um exemplo é o Disque 100, que é um serviço telefônico gratuito e confidencial, que recebe denúncias de violações de direitos humanos, como discriminação, violência, negligência, entre outras.
- Participar de movimentos e organizações sociais que defendem e promovem os direitos das pessoas com deficiência, como associações, federações, conselhos, fóruns, redes, entre outros. Um exemplo é a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, que é uma entidade civil sem fins lucrativos, que representa e defende os interesses das pessoas surdas no Brasil.
Essas são algumas das formas que os jovens que possuem surdez unilateral podem exercer seus direitos, de forma ativa e consciente. É importante que eles conheçam seus direitos, os reivindiquem, os fiscalizem e os fortaleçam, para garantir sua cidadania, sua dignidade e sua qualidade de vida.
Quais são os desafios que os jovens que possuem surdez unilateral enfrentam?
Os jovens que possuem surdez unilateral enfrentam diversos desafios, que podem dificultar ou impedir o exercício pleno de seus direitos, como:
- A falta de informação e de conscientização sobre a surdez unilateral, tanto por parte dos próprios jovens, quanto por parte da sociedade em geral, que muitas vezes desconhece ou minimiza a condição, gerando preconceito, estigma, discriminação, exclusão, entre outros.
- A falta de acessibilidade e de adaptação razoável nos ambientes e nas situações de vida, tanto física, quanto comunicacional, que muitas vezes dificulta ou impede a participação dos jovens com surdez unilateral em atividades educacionais, profissionais, culturais, esportivas, recreativas, entre outras.
- A falta de políticas públicas e de recursos financeiros específicos para a surdez unilateral, que muitas vezes limita ou inviabiliza a oferta e a qualidade dos benefícios e serviços destinados às pessoas com deficiência auditiva.
- A falta de apoio e de orientação dos familiares, dos amigos, dos professores, dos colegas, dos empregadores, dos profissionais de saúde, entre outros, que muitas vezes não sabem como lidar ou como ajudar os jovens com surdez unilateral.
Como a tecnologia pode ajudar jovens com surdez unilateral
A tecnologia pode ser uma grande aliada dos jovens com surdez unilateral, pois pode oferecer recursos que facilitam a comunicação, a audição, a educação, o trabalho, o lazer e a inclusão social. Alguns exemplos de tecnologias que podem ajudar jovens com surdez unilateral são:
- Aparelhos auditivos: são dispositivos que amplificam e transmitem os sons para o ouvido afetado, melhorando a capacidade auditiva e a compreensão da fala. Existem diferentes tipos de aparelhos auditivos, que podem ser usados no ouvido afetado ou no ouvido saudável, dependendo do caso. Alguns exemplos são o aparelho de condução óssea, que transmite os sons por meio de vibrações no crânio; o aparelho de transposição de frequência, que modifica os sons de alta frequência para baixa frequência; o aparelho de transmissão contralateral, que capta os sons do lado afetado e os envia para o lado saudável; entre outros123.
- Implantes auditivos: são dispositivos que estimulam diretamente o nervo auditivo, por meio de um componente interno implantado cirurgicamente e um componente externo que capta e processa os sons. Existem diferentes tipos de implantes auditivos, que podem ser indicados para casos de surdez unilateral profunda ou moderada, quando os aparelhos auditivos não são suficientes. Alguns exemplos são o implante coclear, que estimula o nervo auditivo na cóclea; o implante de tronco cerebral, que estimula o nervo auditivo no tronco cerebral; o implante de orelha média, que estimula os ossículos do ouvido médio; entre outros12.
- Tecnologias assistivas: são recursos que facilitam a acessibilidade e a inclusão dos jovens com surdez unilateral em diversos ambientes e situações, como a educação, o trabalho, a cultura, o esporte, o lazer, entre outros. Algumas soluções práticas do cotidiano são: despertadores que vibram em vez de tocar sons altos; notificações por flashes e luzes em vez de sons; intérpretes e tradutores de Línguas de Sinais; legendas, fones de ouvido, amplificadores, iluminação adequada, entre outros recursos que facilitam a comunicação e a fruição4.
Esses são alguns dos desafios que os jovens que possuem surdez unilateral enfrentam, que exigem uma mudança de atitude e de cultura da sociedade, para que sejam respeitados, valorizados e incluídos em todas as esferas da vida. É importante que os jovens com surdez unilateral procurem um advogado especializado em surdez para ajudá-lo a buscar pelos seus direitos.